AQUILO QUE NÃO PODE SER DITO DE OUTRA MANEIRA

As fábulas são amarrações, encantos, corridos e narrados. Coisas feitas, “O que não pode ser dito de nenhuma outra maneira”. Elas não se explicam, não ocultam nada, prescindem de toda interpretação. Mas há bugigangas por toda parte louquinhas por serem desfiadas. E assim a magia começa, quando o leitor então decide enfiar as mãos naquilo oferecido para tecer, talvez contra os próprios criadores, seus próprios bordados. Além das fábulas, "Aquilo que não pode ser dito de outra maneira" contém uma série de peças dramáticas e uma lista contínua de experiências poéticas, as peps. Usem à vontade essas linhas e agulhas para estabelecer novos cortes de leitura, palavreado, sensações trocadas, realidades entrevistas, premonições, gozos e infernos. Na verdade, toda costura se pretende como pele para outra pele. Aqui temos portanto uma relação de várias relações, um bacanal. As fábulas, as peças, as peps e o que mais pedir pra ser inventado nesse ambiente, tudo é feito, afinal, de partes inumeráveis, retalhos, segmentos, frações. São histórias dentro de histórias, sons dentro de sons, faces contidas em outras faces que dialogam, às vezes, quase sempre, à revelia do espelho.